terça-feira, 29 de abril de 2014

A trepadeira do Olho-de-Boi



Mucuna 

Nomes populares

Coronha, olho-de-boi, olho-de-burro, pó-de-mico, Queima-queima, Feijão de boi.
Família
Fabaceae (Leguminosae)
Tipo
Nativa, não endêmica do Brasil.
Característica
Apresenta folhas 3-folioladas, sendo os folíolos laterais assimétricos. 
O pedúnculo é muito longo, podendo atingir mais de 1,5 m.
Floração / frutificação
Dispersão
Hábitat
Amazônia e Mata Atlântica, na Floresta Ombrófila Densa e Mista e Restinga.
Fitoeconomia
Fonseca (1922) relata que nas épocas de grande fome, 
as sementes forneciam uma farinha utilizada como alimento.
Injúria
Fonseca (1922) relata que a planta pode ser  tóxica. 
Os pêlos nas vagens possuem  tricomas que penetram na epiderme provocando irritação,
 vindo daí o nome popular pó-de-mico.


CO-ORONHA, vem do tupi guarani mais a etimologia ainda não foi decifrada.
Conhecido também por Queima-queima devido as crianças esfregarem
 a semente na parede para esquentar e queimar os outros.


A planta, um vigoroso cipó enrolador e de crescimento rápido que proporciona 
lindas flores, geralmente em tons rosáceos, arroxeados ou violetas.


Mucuna urens http://sites.google.com/site/florasbs/home  São Bento do Sul - Santa Catarina

Mucuna urens http://sites.google.com/site/florasbs/home  São Bento do Sul - Santa Catarina







DICAS DE CULTIVO: 
Trepadeira de crescimento rápido e vigoroso que resiste a temperaturas de até -3 graus negativos, 
sendo também muito resistente a seca de até 6 meses sem chuva. Vegeta bem se cultivada desde o
 nível do mar até mais 1.000 m acima de altitude. 
Aprecia diversos tipos de solos, desde que seja profundo, úmido, acido ou neutro (pH de 4,7 a 6,3)
 com constituição arenosa ou argilosa (solo vermelho). É preciso plantas no mínimo 2 plantas para
 uma melhor frutificação. É preciso fazer uma parreira na horizontal com arames
 (ou caibros cruzados) formando uma malha da 40 cm entre arames para sustentar a planta. 
As plantas iniciam a frutificação no 1ª ou 2ª ano após o plantio, dependendo das condições do solo.

 

Mucuna urens http://sites.google.com/site/florasbs/home  São Bento do Sul - Santa Catarina

 As sementes são grandes, redondas com casca avermelhada muito dura e com um friso ou cicatriz
 embrionária lateral, são ortodoxas (que são dormentes e conservam o poder germinativo por mais 
de 5 anos). As sementes só germinam se a casca ou tegumento for lixada até aparecer 
a parte branca da amêndoa. Depois disso, deixar as sementes na água por 24 g, e em seguida 
semear em sacos contendo qualquer tipo de substrato rico em matéria orgânica, poroso, 
deixado em ambiente sombreado. A germinação ocorre em 30 a 60 dias e é bom fincar uma estaca
 de bambu de mais ou menos 1 m para amarrar o cipó. As mudas crescem rapidamente, e após 3 
ou 4 meses já pode ser plantada no lugar definitivo. É melhor plantar no local definitivo durante os
 meses de outubro a dezembro.

Pode ser plantada a pleno sol, bem como na sombra bosques com arvores grandes bem espaçadas,
 nesta situação demora mais para frutificar. Também pode ser plantada para subir em arvores
 grandes fortes e longevas, pois o cipó e muito vigoroso, deixando as sementes maduras cair no 
chão. Espaçamento entre plantas 5 x 5 m. A parreira deve ter 6 mourões, fincados com distancia
 de 2 m entre si e 3 metros entre os pares, com altura de 1,60 para facilitar a colheita dos frutos.
 Nos mourões pares se deve fixar caibros com furos distanciados a 40 cm entre si para fixar arames
 lisos do tipo de cerca paraguaia para servir de suporte do cipó. 
As covas devem ter 50 cm de largura, altura e profundidade, sendo preparada com 2 meses de 
antecedência. Reserve os 30 cm de solo iniciais e misture neste  300g de calcário e 1 kg de cinzas e
 6 a 8 pás de matéria orgânica bem curtida. Após o plantio irrigar a cada quinze dias nos primeiros 
3 meses se faltar água.

 Fazer apenas podas de formação e eliminar os brotos que nascerem na base do caule, manejando
 os ramos num tutor e continuar amarrando os ramos na parreira para não caírem. 
Depois da planta ficar grande, deve-se fazer poda após a frutificação e eliminar o excesso de ramos
 formados. Adubar com composto orgânico, pode ser 2 a 3 pás de cama de frango bem curtido 
+ 30 gr de N-P-K 10-10-10 nos meses de novembro e dezembro, distribuído-os em coroas de 20 cm
 de largura, e 5 cm de profundidade, feitos à 30 cm do caule. Manter cobertura morta por volta do pé
 para manter a umidade.

Frutifica nos meses de Junho a outubro. Os frutos são cápsulas do tipo vagem,tomentosas
 e ferrugineas (com lanugem de cor ferruginosa) que se abrem deixando cair as sementes.

  









Fonte: 
https://sites.google.com/site/florasbs/fabaceae/dioclea
Google
Bibliografia
BERG, E. V. Botânica Econômica. UFLA – Universidade Federal de Lavras. Lavras, MG. 2005. 59p. 
Catálogo de Plantas e Fungos do Brasil, volume 2 / [organização Rafaela Campostrini Forzza... et al.]. -
Rio de Janeiro: Andrea Jakobsson
 Estúdio: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2010. 2.v. 830 p. il.
FONSECA, E. T. Indicador de Madeiras e Plantas Úteis do Brasil.
 Officinas Graphicas VILLAS-BOAS e C. Rio de Janeiro, 1922. 368 p. 
MOURA, T.M., Tozzi, A.M.G.A. 2010. Mucuna in Lista de Espécies da Flora do Brasil.
 Jardim Botânico do Rio de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB083489).
UDULUTSCH, R. G. Composição Florística da Comunidade de Lianas Lenhosas em Duas Formações
 Florestais do Estado de São Paulo. Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”; 
Universidade de São Paulo. Piracicaba, 2004. 125p. il.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Amor - Perfeito (Viola x wittrockiana) : A Flor Encantada e Shakespeare...



Diz- se, que "o nome popular “amor-perfeito”, vem do fato dessa planta ser considerada uma potente erva para os encantamentos, tanto que fez parte na poção do amor do famoso conto 'Sonho de uma noite de verão', de Shakespeare" (postado abaixo). Diz-se também,"que exala um perfume mágico que  atrai os corações apaixonados e que eh costume dar a pessoa amada para aumentar a paixão ."
Bem , lendas e contos a parte, o fato eh que esta  flor , conhecida também como 'Violeta-Borboleta' eh linda e realmente apaixonante. Eh considerada a rainha dos jardins no inverno ( gosta do frio, sua  floração comeca no inverno e permanece durante a primavera) com uma beleza delicada e uma harmonia de cores, que por si soh,encanta a todos. Cultivando Amor - Perfeito


O 'SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO' (em  versão resumida)
"A obra de Shakespeare, Sonho de Uma Noite de Verão, é ambientada na Grécia mítica e conta-nos a história de seres élficos e personagens mitológicos descrevendo a magia e a realidade em uma só dimensão. Teseu, grande herói grego está para se casar com Hipólita, a rainha das amazonas. Nos dias que antecedem esse grande acontecimento em Atenas, Egeu, um pai aflito, busca a orientação de Teseu para forçar sua filha Hérmia a casar-se com o jovem escolhido por ele, Demétrio. Hérmia, como está apaixonada por Lisandro, recusa-se a fazer a vontade do pai e por isso é ameaçada pela morte, conforme a lei ateniense, que não dá à mulher direito de escolher o marido e pune com a morte a desobediência. Lisandro então resolve fugir com Hérmia para se casarem longe de Atenas, onde as penas da lei não os alcançarão. Marcam de se encontrarem em um bosque nos arredores de Atenas à noite. Hérmia, que sabe da paixão de sua amiga de infância Helena por Demétrio, resolve contar sobre a fuga para que amiga se anime e tente reconquistar Demétrio. Helena conta para Demétrio para provar-lhe sua fidelidade. Titânia é a rainha das fadas e habita o bosque. Oberon é o rei dos elfos e esposo de Titânia, porém os dois estão em conflito porque Titânia não quer entregar a Oberon um órfão indiano para lhe servir de pajem. Na mesma noite da fuga, Oberon e Titânia se encontram e discutem no bosque. nessa mesma noite vêm alguns artesãos de Atenas para ensaiar uma peça de teatro para apresentar no dia do casamento de Teseu. Oberon pede para que Puck, um elfo (Gênio aéreo da mitologia escandinava, que simboliza o ar, o fogo, a Terra, etc), lhe traga a flor do amor-perfeito, pois ele quer pingar o sumo dessa flor em Titânia que dorme, para que ela, ao acordar, se apaixone pelo primeiro ser que ver. Enquanto isso, Demétrio veio até o bosque interromper a fuga de Hérmia e Lisandro e foi seguido por Helena, que lhe declara sempre seu amor. Puck traz a flor e Oberon pinga sobre os olhos de Titânia e ainda pede a Puck que encontre o casal de atenienses e pingue sobre os olhos do moço o sumo da flor do amor-perfeito para que ele se apaixone por Helena. Puck ao encontrar os artesãos ensaiando, assusta-os e transforma um deles em um monstro, dando-lhe a cabeça de um asno. Quando Titânia acorda, vê aquele monstro com cabeça de asno e se apaixona por ele. Depois Puck encontra Hérmia e Lisandro dormindo, e pensando que aquele é o ateniense de que Oberon falou, espreme-lhe o sumo da flor do amor-perfeito nos olhos. Helena chega, vê o casal dormindo, Lisandro acorda e a vê e se apaixona por ela e a segue. Hérmia acorda sozinha e, de repente, chega Demétrio, que lhe declara seu amor. Oberon percebe que Puck espremeu o sumo no ateniense errado e pede para Puck colocar o sumo da flor do amor-perfeito sobre os olhos de Demétrio, que também se apaixona por Helena. Os dois, Demétrio e Lisandro, ficam brigando pela atenção de Helena, que não compreende. Então os casais, cansados, deitam, e Puck coloca o sumo da flor do amor-perfeito sobre os olhos de Lisandro, que vê Hémia ao acordar e volta a se apaixonar por ela. Titânia é convencida por Oberon de que está apaixonada por um asno e resolve entregar-lhe o menino indiano para que ele desfaça a magia. Nesse momento, chegam ao bosque, Teseu, Hipólita e Egeu em busca dos casais. Ao encontrá-los, Egeu quer a punição de Lisandro pela fuga e que Teseu decrete o casamento de Hérmia com Demétrio, porém Demétrio diz que ama Helena e não quer mais se casar com Hérmia. Então Teseu decide que as núpcias dos casais seráo no mesmo dia em que ele se casará com Hipólita. Oberon e Titânia vão até o palácio de Teseu para abençoar o lugar em que os noivos irão morar. E Puck, que foi o que mais se divertiu com as confusões que ele provocou, diz que tudo aquilo não passou de um sonho de uma noite de verão."




Fontes:Jardineiro.net;feiradeflores.com.br



sexta-feira, 25 de novembro de 2011

WORKSHOP sobre Paisagismo Urbano

Workshop com a paisagista Ivani Kubo no stand Natureza, com oficina sobre Paisagismo Urbano nos CA's do Itaú, de 28/11 à 08/12.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Dicas Paisagisticas

Img: http://weheartit.com



Chegou o ciclo das flores e quem nao gosta da energia de uma casa florida, aquele ar de romantismo, leveza... de um jardim colorido...
Uma boa dica eh plantar especies que atraem passaros e borboletas. Por exemplo, o malvavisco eh uma das preferidas dos beija- flores e facil de lidar.Jah as lantanas, sao as preferidas das borboletas e um aroma citrico. Caso se interesse pelas lantanas, existem em varias cores e rasteiras ou nao, otimas para criar uma combinação no jardim ;)

Deixando aqui tb uns sites que achei com mais boas dicas pra vc :

Casa florida na primavera

segunda-feira, 10 de outubro de 2011


(img: Google)
  • Que 'uma árvore nova e com pouco mais de um metro pode elevar para as folhas até 45 litros de água por dia. Um carvalho de tamanho médio pode elevar mais de meia tonelada de água para prover as suas necessidades.

  • Que Uma única planta tem a capacidade de purificar o ar de uma sala de 9 m2.

  • As sequóias são as árvores mais altas do mundo, estando referenciadas seis com mais de 100 m de altura, todas no estado da Califórnia.

Essas entre outras curiosidades no SITE ^^

Comer Fora...


Ela :_"Amor , vamos comer fora?"
Ele:_"Tudo bem, põe a mesa no jardim."
=?

Realmente, quem já não escutou isso ? rs... Se bem que, um jantar no jardim pode ser bem divertido e até mais romântico :) . Além de se ter um ambiente aconchegante e bonito no jardim.
O importante é criar , personalizar ;)
A ideia de uma peça de vidro ou de pedra ,como mármore ou granito por exemplo para fazer o tampo da mesa, pose ser otima.
Antes que me esqueça, a revista Casa e Jardim com o tema 'Mesa lá Fora' tb vem com várias imagens inspiradoras para você criar várias idéias.

Aqui, estão algumas imagens que foram escolhidas,aleatoriamente, pela net (Google) que concordo que possam trazer inspirações e transformar a refeição no jardim num momento inesquecível !'
bon appétit























'A lenda de como surgiram a Dama da Noite e o Girassol'

Lindo! tinha q postar aqui =)



'O sol que amava a flor que amava a lua' -Palmi

"O Sol viu nascer aquela flor, numa manhã clara de Domingo, de céu muito azul. Flor pequenina e frágil, que , por sua delicadeza, destacava-se naquele imenso jardim. Deleitou-se toda a manhã observando o espetáculo do desabrochamento. Ela passou horas se preparando para sair, e quando finalmente tomou coragem, quão bela mostrou-se! Estava ao mesmo tempo assustada e curiosa. Observava tudo com olhinhos sedentos de novidades. Riu gostosamente quando sentiu o primeiro vento a soprar-lhe nas pétalas, e bateu palmas de alegria ao observar as borboletas e os pássaros, que voaram em acrobacias, para darem-lhe as boas-vindas.

E ele, Sol tão poderoso, sentiu uma atração inexplicável por aquele serzinho nascido da irmã Terra. Pensava em quem a protegeria dos males do mundo, se estava tão sozinha. Durante o dia, convocou suas irmãs nuvens para protegê-la de seus fortes raios. Mas não permitia ser encoberto por inteiro, queria continuar velando por ela.

Naquele dia, o Sol demorou-se mais para ir embora, adiou o mais que pôde a sua partida, pois sentia vontade de continuar admirando a flor, que ele já chamava " sua" . Mas teve que ir, e sua volta ao outro lado do mundo foi particularmente longa. Estava preocupado com ela, como estaria passando sua primeira noite no mundo?


Lutando contra as leis de sua mãe Natureza, adiantou-se alguns minutos naquela nova manhã, estava agoniado para ver se tudo estava bem. E que tamanho alívio sentiu ao despontar no horizonte , lançar seus olhos que tudo alcançam, e perceber sua flor adormecida em paz, intacta, ainda mais bela do que no dia anterior. Com enorme prazer assistiu ao seu despertar, e brilhou um pouco mais forte para aquecê-la , livrando-a do orvalho da madrugada.

O Sol estava irremediavelmente apaixonado. Todos os seres da Natureza perceberam que agora ele passava os dias a brilhar de forma mais amena, pois não queria queimar as pétalas de sua amada. Suspirava de amor, provocando um vento quente sobre a Terra. Se ela estava bem, ele também estava. Se a percebia triste e melancólica, chorava e derramava lágrimas em forma de chuva morna. E ordenava aos pássaros e borboletas que alegrassem sua flor, voando e cantando ao seu redor. Os crepúsculos agora eram ainda mais tristes, em tons de vermelho, como se o Sol lutasse para ficar mais um pouco. E as auroras muito mais alegres, iluminadas. Os pássaros eram os menestréis desse inusitado amor, soltando trinados melancólicos ao crepúsculo, numa canção de despedida, e acordes de puro júbilo quando a aurora anunciava-se, trazendo o Sol enamorado. Nos dias de chuva, quando as irmãs nuvens eram mais fortes que ele, pedia ao rouxinol para avisar sua flor que nada temesse, pois, mesmo parecendo estar longe, ele estaria logo ali, por trás das nuvens, mirando-a por alguma fresta. Que não tivesse medo de raios e trovões, pois todos sabiam que ela era sua protegida, e por isso nada fariam que pudesse machucá-la . E a flor, sentindo-se amparada, aprendeu também a amar a chuva, que a refrescava.

O Sol amava mais e mais a cada dia, e a flor desfrutava o mais que podia de tão grande amor. Correspondia, tornando-se mais bela com o tempo, para alegrar quem tanto a amava. Tinha por companheiros os bichinhos do jardim: joaninhas, lagartixas, tatuzinhos ,borboletas e até as temidas formigas, que não se atreviam a ferir a florzinha, pois temiam serem tostadas pelo Sol vingativo. E ainda tinha o vento, que dançava por ali, e se enroscava em suas folhas, provocando-lhe risinhos de contentamento, o que ocasionava cenas de ciúmes por parte do Sol, que soprava um de seus suspiros quentes, espantando o vento fresco... Com os pássaros divertia-se aprendendo suas canções preferidas, organizando recitais para todo o jardim, em honra ao seu protetor Sol.

E assim vivia a florzinha; pelos dias exibia-se para seu amante , pelas noites dormia e sonhava com ele. E o Sol vivia feliz, tocando com seus raios cada pétala de sua amada. Quando partia, deixava tropas de vaga-lumes por perto dela, para que a escuridão não a amedrontasse tanto. E a flor dormia em paz.

Mas uma noite foi despertada por um vento mais gelado, que deu-lhe arrepios pelo corpinho. Abriu seus olhos, chamou seus amigos vaga-lumes e perguntou o que se passava. Os vaga-lumes responderam se tratar da chegada da Lua. Lua? Quem era essa, tão petulante a ponto de despertá-la de seu sono? Seus amigos então lhe disseram que , desde seu nascimento, a Lua vinha todas as noites, mas esta noite era especial, pois ela vinha em sua forma mais ampla, mais completa. Era a Lua cheia, com todo seu encantamento, trazendo junto dela todo o romantismo dos amantes e a capacidade de sonhar dos poetas. O vento anunciava sua chegada triunfal, provocando calafrios em todos os seres da terra.

A flor olhou para o céu, e notou um forte clarão por trás de algumas nuvens. E então, aos poucos, mais lentamente ainda que o nascimento da florzinha, a Lua foi revelando-se... saiu de seu esconderijo, esplendorosamente bela, arrancando aplausos das criaturas noturnas.

Aí foi a vez da flor assistir a um espetáculo de rara beleza. Ficou ali, parada, boquiaberta, sem poder dizer nada, tomada por puro encantamento. Por que o Sol nunca havia lhe dito que existia no mundo uma criatura tão bela como a Lua?

A flor apaixonou-se pela Lua e trocou o dia pela noite. Passava as noites a admirar a Lua lá no céu, e os dias a suspirar por ela nos poucos momentos em que passava desperta. Chorava desconsoladamente nos períodos de lua nova, quando a procurava e não a encontrava. Sofria também no período crescente , quando ela mostrava-se tão fria e indiferente. Nas noites em que ela surgia cheia e bela, era a alegria do mundo, e a flor não cabia em si de tanto contentamento. No período minguante, quando a Lua anuncia e prepara sua partida, a flor desesperava-se, pensando em como seriam tristes as próximas noites. Chorava e implorava, entre soluços, para que ela ficasse um pouco mais, que não se fosse. Mas a Lua, do alto de seu orgulho, não a atendia, e partia sem olhar para trás. Sabia que, não importando o tempo que se ausentasse, a flor estaria lá. E assim acontecia. Mesmo nas noites de lua nova, quando a flor sabia que a Lua não viria, ficava esperando, acordada, olhando para o céu na esperança de que a Lua sentisse sua falta e voltasse.

E o Sol? Ah, pobre Sol... Sem saber o que se passava , pois ninguém se atrevia a contar-lhe, desesperava-se achando que sua flor estava doente. Percebeu algo estranho logo no primeiro dia, ao chegar e encontrá-la em sono profundo, que prolongou-se até o meio-dia, como se ela não tivesse dormido a noite toda. E continuou notando as mudanças, cada vez mais preocupado. Sua flor não era mais a mesma. Passava os dias numa tristeza sem fim, e se sorria, era um sorriso de pura melancolia. Se os pássaros a animavam a cantar, eram canções de saudade que saíam de sua boca. Não se alegrava mais com a dança das borboletas, nem com os pássaros, nem com as nuvens. Estava sempre ansiosa e só mostrava-se um pouco melhor quando sentia o vento frio anunciando a chegada da noite. Não sentia mais prazer em suas conversas com o Sol, e a cada dia dormia mais e mais, sem ânimo para a vida diurna.

O Sol, fiel como sempre, cuidava para que o repouso de sua bela fosse pleno. Pedia músicas suaves aos pássaros para embalar seus sonhos, e chuva fresca às irmãs nuvens quando o calor ameaçava o bem-estar da florzinha. Nos poucos momentos em que ela abria seus olhos, via seu fiel guardião a observá-la lá do alto, e sorria tristemente, pois também amava o Sol, era muito grata a ele, e não queria causar-lhe tanto sofrimento. Mas que culpa tinha se amava tanto a Lua, se não conseguia lutar contra amor tão forte?

E veio o dia em que a flor não mais abriu seus olhos para o Sol, que,desesperado, pensando que sua flor morrera, urrava como louco. E chorava, implorando para que alguém lhe fizesse entender o acontecido. Um vaga-lume, apiedando-se dele, contou-lhe tudo o que se passara desde que a flor vislumbrara a Lua pela primeira vez. O Sol ficou perplexo, não queria aceitar o que ouvia! Sentiu a dor mais profunda que já sentira em sua longa existência, e emanou calor intenso, de puro sofrimento, sufocando as criaturas terrestres. Tudo era quente, quente como a dor que dilacerava seu coração.

Mas foi a última vez que isso aconteceu. A dor o enfraquecia, que dia a dia brilhava menos. Já não via sentido em nada, não sentia alegria, não tinha forças nem motivação para estender seus raios sobre a Terra, que assim tornava-se mais e mais fria, prejudicando a todos que nela viviam.

A flor agora era a Dama da Noite, que só abria suas pétalas ao anoitecer, exalando o perfume mágico do amor, que era então espalhado pelo vento, inebriando todos os amantes do mundo. Nunca mais o Sol teve o prazer de um olhar ou de um sorriso de sua flor tão amada.

Sol cada vez mais fraco, Terra cada vez mais fria. Foi aí que a Mãe Natureza, em sua incomparável sabedoria, resolveu intervir. Depois de muito pensar, fez nascer em cada canto da Terra um campo de flores grandes e amarelas, tão exuberantes que seriam capaz de fazer o Sol se esquecer um pouquinho de sua flor ingrata. Essas flores nasceram com a única incumbência de render homenagens ao Sol, seguindo-o com o olhar, desde a hora de seu surgimento , até a hora de sua partida. E como esses campos espalhavam-se por toda a Terra, jamais o sol estava sozinho, jamais. Por onde lançasse seu olhar, lá estariam as suas flores fiéis, que tinham ordens expressas para desprezar a Lua. Cada uma dessas flores foi batizada de Girassol.

Assim, o Sol foi aprendendo a conviver com a dor. Com a ajuda de seus girassóis, as feridas de amor começaram a cicatrizar, e tudo foi voltando ao normal. Já conseguia brilhar mais intensamente, entendendo que era responsável por muitas coisas, que todos necessitavam de seu calor para viver. Claro que, quando passava pelo jardim onde dormia sua flor, lançava seu olhar a ela e sentia uma pontada de dor. No fundo, no fundo, ainda nutria esperanças de vê-la livre do feitiço da Lua, de tê-la novamente com ele, de receber seu olhar e seu sorriso.

Mas isso nunca aconteceu. A Dama da Noite era da Lua, só dela e de mais ninguém. Até hoje perfuma as noites dos amantes , alegra-se na companhia da Lua e chora sua ausência. E em cada lágrima caída, uma outra flor nasce, trazendo mais e mais perfume de amor ao mundo..."